tag:blogger.com,1999:blog-182753142024-03-23T14:50:31.239-03:00A LatrinaImagine a net como uma galeria de esgotos e cada blog como uma privada, pronta pra receber tudo que ninguem quer mais dentro de si. Pois bem, esta é a minha LATRINA e vou largar aqui o que não der pra jogar no ventilador do mundo.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.comBlogger55125tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-13839094342340020552010-10-18T19:32:00.000-03:002010-10-18T19:32:34.736-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNWoJMFEmX9OopvWLm1Wah8sAxq5Xtc90y9sJHCAKSC55DqbtZhmDYiL5js6RrHDRt9xtPqqpIg9JFq6F_hbCckduEDhvjNQOeQUizmxyxjxO4bRL1E3vpJKI39LEL6zdO7lca/s1600/medium_Torres_del_Paine_%C2%A9Ricardo_Bevilaqua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNWoJMFEmX9OopvWLm1Wah8sAxq5Xtc90y9sJHCAKSC55DqbtZhmDYiL5js6RrHDRt9xtPqqpIg9JFq6F_hbCckduEDhvjNQOeQUizmxyxjxO4bRL1E3vpJKI39LEL6zdO7lca/s320/medium_Torres_del_Paine_%C2%A9Ricardo_Bevilaqua.jpg" width="320" /></a></div><br />
<span data-jsid="text">Os galhos balançam<br />
Ao sabor das tempestades <br />
As raizes sustentam<br />
<br />
(haikai arboreo para um amor persistente)</span>Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-12678677687447822912010-10-12T20:48:00.001-03:002010-11-05T19:14:57.957-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkMs9ksUgfPy9G2WFnuOdAvmDS3R0ZfeY4unpJo1b6Ff3etLQQXz-0g7qEzWM0KPnrPGODd4BLJQ4Ss8nd0-4yNkhin7qxLz-u7izjCiSzUIV0XH4lCfiDq1UrFBDALNTFIFia/s1600/mom-tattoo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkMs9ksUgfPy9G2WFnuOdAvmDS3R0ZfeY4unpJo1b6Ff3etLQQXz-0g7qEzWM0KPnrPGODd4BLJQ4Ss8nd0-4yNkhin7qxLz-u7izjCiSzUIV0XH4lCfiDq1UrFBDALNTFIFia/s320/mom-tattoo.jpg" width="289" /></a></div><br />
<br />
AMOR SÓ DE MÃE<br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">Toda mãe que temos é a mesma, em suas angustias, cuidados e culpas.</div><div class="MsoNormal">Todas as mães que temos são únicas, em sua fortaleza, loucura e desapego.</div><div class="MsoNormal">Toda mãe só tem um filho, pro resto da vida, mesmo que o “um” sejam muitos.</div><div class="MsoNormal">Todas as mães amam seus filhos, como se nada mais nesse mundo valesse a pena.</div><div class="MsoNormal">Toda mãe aceita suas duras penas, como se isso fosse a melhor definição do paraíso.</div><div class="MsoNormal">Todas as mães trazem um sorriso que, bem lá no fundo, é um chorar que nunca cessa.</div><div class="MsoNormal">Todo filho é meio cego. Todos os filhos são meio surdos. Toda mãe do mundo é Deus.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">E todos nós somos na prática: uns grandessíssimos filhos da puta. </div>Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-52230260664890861402010-09-09T15:09:00.008-03:002010-09-09T20:07:43.840-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEW2tyt5N2Duc5sV0PnDpWPoZufnDtmLD1FZp5ZjD9W7SXMjIxfmWSZDEK_99wSzw5Eykyrg5xZz-Obl0Yj90yiQHoo5cd6OhFssJF3RzRexSq9gweFND4uZgZftlkQzBF1tJA/s1600/533_Semperivivum_violaceum.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEW2tyt5N2Duc5sV0PnDpWPoZufnDtmLD1FZp5ZjD9W7SXMjIxfmWSZDEK_99wSzw5Eykyrg5xZz-Obl0Yj90yiQHoo5cd6OhFssJF3RzRexSq9gweFND4uZgZftlkQzBF1tJA/s320/533_Semperivivum_violaceum.jpg" /></a></div><div style="text-align: left;"><br />
<b>PELE</b></div><br />
Beija como quem vive com sede<br />
Morde como quem morre de fome <br />
Abraça como quem quer renascer<br />
<br />
Olha-me nos olhos enquanto sente<br />
Mas corre do meu olhar insistente <br />
Quando quero apenas fazer derreter<br />
<br />
Percorro sua carne branca al dente <br />
E tal qual um ser louco e indecente <br />
Mastigo-lhe a pele até vê-la desfalecer<br />
<br />
Um novo amor é como um transplante<br />
Que ressuscita a alegria de ser amante<br />
De quem alucina de tanto querer<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: left;">(A imagem é da epiderme de uma <i>Sempervivum Violaceum</i> vista bem de pertinho e o poeminha ingenuo é para uma florzinha de pele branca e dentes poderososíssimos)</div>Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-82966500021300997812009-08-01T03:49:00.003-03:002010-09-09T20:12:09.477-03:00<span style="font-weight: bold;">SURRA</span><br />
<br />
<div style="text-align: left;">Cá estou, caído em mim, enroscado nas teias que eu mesmo teci, esperando o bote de meu próprio ferrão, temendo o veneno da minha própria peçonha, digerindo cada momento de dentro pra fora, como alguém que se espreita e se ri, esperando para dizer-me eu te disse, eu te disse. Debato-me em fúria, me insulto, me aponto, me bato no peito, me empurro, me provoco, me cuspo na cara, me acerto um soco na boca do estômago, me chuto, me digo levanta pra apanhar! Engatinho e levanto chorando, me olho nos olhos, pergunto porque? Não me respondo, sorrio com desdém, me dou uma sonora tapa na cara. O sangue escorre pra boca, sinto o sal e o ferrugem do gosto, me limpo com as costas da mão, bato a poeira que me arruinou a roupa, levanto a cabeça, engulo as lágrimas, caminho pra mim sentindo cada passo, cada dor, cada vergonha. Chego até mim e me abraço com toda força que pude reunir, e digo ao pé do meu ouvido - Já chega, já chega, eu me perdôo, me deixa em paz, me deixa ir, me deixa viver, me deixa sorrir, me deixa chorar, me deixa sentir, me deixa calar, me deixa dormir, me deixa acordar, me deixa seguir, me deixa. Me pego pelos ombros, afasto meu rosto de mim, me olho nos olhos, enxugo cada um deles com meus polegares, coloco uma de minhas mãos na minha nuca e me dou um beijo na boca, com força, com raiva, até faltar-me o ar. Olho minha cara espantada e me digo – Vai, vai, você venceu, pode ir.</div>Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-42956896720520578512009-07-20T19:17:00.006-03:002009-07-20T19:59:51.087-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgrJLZH9xwJFocoRZCLrzz8I8WVwxnxbLDvPQY3TTQ8um5UyYWss3CMd2iMZQM9c8H8kU4abHDwr0taCTDGXlmjmBlfRWPQvTzXgac42h4m1hB3Nk2UG7qXcnkd7WZXC6M-z9B/s1600-h/buraco.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 283px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgrJLZH9xwJFocoRZCLrzz8I8WVwxnxbLDvPQY3TTQ8um5UyYWss3CMd2iMZQM9c8H8kU4abHDwr0taCTDGXlmjmBlfRWPQvTzXgac42h4m1hB3Nk2UG7qXcnkd7WZXC6M-z9B/s400/buraco.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5360677693109322690" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">PINHO SOL, LUA, ESTRELAS, FLORES, SINOS, FOGOS DE ARTIFÍCIO, PASSARINHOS VERDES...</span><br /><br />Pois é, meus caros 2 ou 3 leitores, pelo que vocês andaram lendo por aqui, A Latrina já está começando cheirar a lavanda e patchouli. Portanto, para não acabar de vez com a minha má reputação, criei um outro blog, <a href="http://inexperimentos.blogspot.com">INEXPERIMENTOS </a>, onde publicarei todas as inexperiências cheirosinhas, doces e meigas, que vocês adoraram descobrir. Quanto À Latrina, vou continuar jogando por aqui o que não puder jogar no ventilador do mundo.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-88081800399277828352009-07-10T14:37:00.009-03:002009-07-11T13:31:29.001-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-olOFuiBObb7Yl55_3Py5l8w19kMx43PQpvtfsWCXSBJJ2HlJO-KsOGKpDbVM_45aZpAeYbwqQGWveKk7XEPmvP1dCnCRnc3ork4q2iJ8t1GbzphYF5uUo_zCH1n4JUnk6UJv/s1600-h/shiva_and_shakti.png"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-olOFuiBObb7Yl55_3Py5l8w19kMx43PQpvtfsWCXSBJJ2HlJO-KsOGKpDbVM_45aZpAeYbwqQGWveKk7XEPmvP1dCnCRnc3ork4q2iJ8t1GbzphYF5uUo_zCH1n4JUnk6UJv/s400/shiva_and_shakti.png" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356889479165312642" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">DARSHAN</span><br /><br />Como eu poderia prever, que aos 35 anos e 33 dias, que uns tais Drávidas quase esquecidos, viventes aproximadamente 4509 anos antes de mim, pudessem me explicar exatamente a realidade do meu amor por ela? <br /><br />Como eu poderia imaginar que a deidade que eu vejo, na mulher do meu desejo corporificado, é a mais divina realidade de ser, estar e existir? Que o ato de amar é nada menos que enxergá-la tal como ela é de verdade?<br /><br />Talvez eu nem precisasse saber do que já intuía, que seu corpo é o meu templo, os seu olhos meu oráculo, sua boca a minha fonte, suas mãos o meu guia, suas pernas meu alicerce, o seu ventre meu altar, o seu prazer meu sacerdócio e o meu gozo uma oferenda. Sempre busquei um motivo palpável para minha eterna comoção, para minha sempre espera, para toda minha calma, para este contentamento, para as lágrimas incontidas, para a vontade sem limites, para o encolhimento do ego, para a sensibilidade exacerbada, para a razão só aumentar a emoção.<br /><br />Esteve tudo sempre ali não diante do meu nariz, mas bem dentro da minha alma. Desde o meu primeiro olhar, desde o seu primeiro gesto, desde o meu primeiro encanto diante da sua fala. Era só viver, viver, viver e esperar o universo todo se movimentar, com o único e exclusivo intuito de me por diante do seu divino olhar.<br /><br />Então o cosmo conspirou e disfarçado de acaso, utilizou suas artimanhas: armou encontros improváveis, plantou lembranças inesquecíveis, nos lançou no meio do mundo, nos fez aprender o sofrer e o prazer. Quando tudo parecia mais que esquecido, usou seu golpe de mestre: tornou-se gente, alinhavou os opostos. E no instante sagrado da profecia se cumprir, eu vi o que sempre vi e ela viu o que nunca viu, olhei para a deusa de sempre e ela deu à luz um deus.<br /><br />[Darshan = visão de um ser sagrado]<br />[A imagem é da união entre Shiva e Shaktí]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-76293109292503111662009-07-01T15:35:00.003-03:002009-07-01T15:43:04.378-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc1Xe1MmtLrKRRsNTo6pjp5dHGboPYU6qqMYGJHoryj7xyMaWpTWiCwVTnMn_doQNT6YYDMsJTH-uB486IoysRo1vd8Po_4qarZmtnUaxcb59p97ga-KPxwHTO5pFJlLoH_N89/s1600-h/A_morte_e_a_cachorra.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 292px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc1Xe1MmtLrKRRsNTo6pjp5dHGboPYU6qqMYGJHoryj7xyMaWpTWiCwVTnMn_doQNT6YYDMsJTH-uB486IoysRo1vd8Po_4qarZmtnUaxcb59p97ga-KPxwHTO5pFJlLoH_N89/s400/A_morte_e_a_cachorra.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5353563799760461954" /></a><br /><br /><br /> <span style="font-weight:bold;">A MORTE E A CACHORRA</span><br /><br />Arrastou-se debaixo de sol, tropeçando nas pernas, pisando em carne viva, estalando em cada passo um osso,<br />Podendo cada um ser muito bem enxergado, colado embaixo do couro.<br />Do meio do azul seu túmulo espia. <br />Tombou na sombra dum facheiro, pra num só corisco lembrar:<br />De suas pegas de boi, dos cafunés, das caçadas, das butijas enterradas. <br />Chegou a escuridão, um bico lhe arranhou o bucho, do jeito dos cachorros ela <br />sorriu.<br /><br /><br /><br />[a ilustração é minha também, de vez em quando me canso de roubar]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-77017846823796299422009-06-29T13:58:00.003-03:002009-06-29T14:29:03.743-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcL3XA0f-VeY2wdPN4ewJ5ot9i9GHeZMg169usaIvzzInf_9o9KItIWd4ljuEuol_AJsDRZgURYdPKN1Hb9H9S4HX-NbXLYPfaEGOhyfWBydQRJsjXe-g0yon3uibdCuSmkxoH/s1600-h/naco.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 358px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcL3XA0f-VeY2wdPN4ewJ5ot9i9GHeZMg169usaIvzzInf_9o9KItIWd4ljuEuol_AJsDRZgURYdPKN1Hb9H9S4HX-NbXLYPfaEGOhyfWBydQRJsjXe-g0yon3uibdCuSmkxoH/s400/naco.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5352802847701719362" /></a><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">TRANSMIMENTO DE PENSAÇÃO</span><br /><br />Um “ai” aqui outro aí<br /><br />Suspiros daqui reverberam<br />Lábios daí que me esperam<br /><br />Um “ai” aí outro aqui<br /><br />Digo as palavras silenciosas<br />Com transmissões ansiosas<br /><br />Um “ai” aqui outro aí<br /><br />Ondas de mais sentimento<br />Penetram nosso momento<br /><br />Um “ai” aí outro aqui<br /><br />Uma sucessão de arrepios<br />Eriçam poros, pêlos e fios<br /><br />Um “ai” aqui outro aí<br /><br />Nossos risos em sincronia<br />Parece uma grande ironia<br /><br />Um “ai” aí outro aqui<br /><br />Para 2 amantes lunáticos<br />Com poderes telepáticos<br /><br />Um “ai” aqui outro aíAlex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-41228611019274056052009-06-26T18:17:00.001-03:002009-06-26T18:20:01.146-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVnidEDdgvaQXnfhBbtajFDnKAmAj68sNUPHOyqHA9efDSZw5t8lUoDzhLHt7QJ6PNQo6YHEattN3Jidb9z9C1kPdeE7wcg4HI7dkt7W8PpxjLP4aYYn6uOIbdaZz6TMhxPM_-/s1600-h/endless.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 219px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVnidEDdgvaQXnfhBbtajFDnKAmAj68sNUPHOyqHA9efDSZw5t8lUoDzhLHt7QJ6PNQo6YHEattN3Jidb9z9C1kPdeE7wcg4HI7dkt7W8PpxjLP4aYYn6uOIbdaZz6TMhxPM_-/s400/endless.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5351748972127440082" /></a><br /><br /><br />Eu deveria ter um nome de sentimento universal, um substantivo assim tão abstrato quanto o tudo de concreto que eu sinto por ti. Talvez me chamasse Sonho, se sonhar fosse suficiente para te fazer surgir agora do meu lado. Quem sabe chamassem-me Delírio, se eu fosse capaz de delirar ao ponto de não te ver em tudo que vejo. Destruição seria uma boa alcunha, se porventura eu pudesse destruir a memória de um único sorriso que tu sorristes ou me fizestes sorrir na vida. Poderiam chamar-me Desespero, se desesperar pudesse ser mais forte do que o querer te esperar. Desejo deveria ser uma opção plausível, no entanto desejar é muito pouco para definir esta força movendo-me para teu peito. Morte eu me chamaria, se me fosse permitido morrer antes de te ter completamente na minha vida. Gritariam Destino à minha porta, Destino, Destino, se eu mesmo não tivesse me pré-destinado a ser teu. Então me basta meu nome, com tua língua pronunciando-me nos dentes. Comovendo-me de um jeito tão seu, que eu não quereria ser mais ninguém que não fosse eu mesmo.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-59675559667490209202009-06-26T18:14:00.001-03:002009-06-26T18:17:10.095-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheIj1wkoDyAeVGBF9ShqNJSv-P3-qMcvRPVFoF4DlyTAE2kqFIuivyas2Yryw-L3wBtQMnKD9Uhv0sMuQMMOiZF7ckq8PiWSUXxSxXxi2dyZJZTmVBaRFzdvDdIHczpVBsXGhQ/s1600-h/ciranda.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 374px; height: 370px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheIj1wkoDyAeVGBF9ShqNJSv-P3-qMcvRPVFoF4DlyTAE2kqFIuivyas2Yryw-L3wBtQMnKD9Uhv0sMuQMMOiZF7ckq8PiWSUXxSxXxi2dyZJZTmVBaRFzdvDdIHczpVBsXGhQ/s400/ciranda.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5351748261828646146" /></a><br /><br /><br /><span style="font-weight:bold;">CIRANDA DO PÉ QUEBRADO.</span><br /> <br />Te faria uma ciranda, <br />Se o mar tivesse perto.<br />Com rimas cadenciadas <br />E cheiro de maresia.<br /> <br />Te olharia na varanda,<br />Se você tivesse perto.<br />Palavras embaralhadas<br />Meu peito em agonia.<br /> <br />Te faria uma ciranda,<br />Se o mar tivesse perto.<br />No ritmo das passadas,<br />Tua mão eu pegaria.<br /> <br />Te olharia na varanda,<br />Se você tivesse perto.<br />Faria mil palhaçadas<br />E teu sorriso abriria.<br /> <br />Te faria uma ciranda,<br />Se o mar tivesse perto.<br />E em meio às rodadas,<br />O teu beijo roubaria.<br /> <br />Te olharia na varanda,<br />Se você tivesse perto.<br />Enfeitaria as calçadas,<br />Só pra ver tua alegria.<br /> <br />Te faria uma ciranda,<br />Te olharia na varanda.<br />Se o mar tivesse perto,<br />Se você tivesse perto.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-82856622898711794252009-06-19T13:19:00.002-03:002009-06-19T15:40:29.161-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiugBZ8QnPxZ9-PGqVAYpwH-vF3owp7ZWPPU2xIpb5Ep4e_bq6BC2hluj6cCOIfKCa6xnHLGwlonzWGsrw-pdwuQMCHPJZWMMpL_FewqnpXjO5-SusZiurelfGZpkWdLnq0Brsp/s1600-h/falex+023.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 111px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiugBZ8QnPxZ9-PGqVAYpwH-vF3owp7ZWPPU2xIpb5Ep4e_bq6BC2hluj6cCOIfKCa6xnHLGwlonzWGsrw-pdwuQMCHPJZWMMpL_FewqnpXjO5-SusZiurelfGZpkWdLnq0Brsp/s400/falex+023.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5349074649176776850" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">“TE DEI MEUS OLHOS PRA TOMARES CONTA”</span><br /><br />Eu te amo<br /><br />Ah, se já perdemos a noção da hora<br />Se juntos já jogamos tudo fora<br />Me conta agora como hei de partir<br /><br />Ah, se ao te conhecer<br />Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios<br />Rompi com o mundo, queimei meus navios<br />Me diz pra onde é que inda posso ir<br /><br />Se nós nas travessuras das noites eternas<br />Já confundimos tanto as nossas pernas<br />Diz com que pernas eu devo seguir<br /><br />Se entornaste a nossa sorte pelo chão<br />Se na bagunça do teu coração<br />Meu sangue errou de veia e se perdeu<br /><br />Como, se na desordem do armário embutido<br />Meu paletó enlaça o teu vestido<br />E o meu sapato inda pisa no teu<br /><br />Como, se nos amamos feito dois pagãos<br />Teus seios ainda estão nas minhas mãos<br />Me explica com que cara eu vou sair<br /><br />Não, acho que estás te fazendo de tonta<br />Te dei meus olhos pra tomares conta<br />Agora conta como hei de partir.<br /><br />[Chico Buarque “ Féla da Puta Genial” de Holanda]<br /><br />Roubei esta canção para ti, só para descontar as 3 estrofes que esse safado nos roubou da vida. Então, por vingança, o salafrário se mancomunou contigo com o claro intuito de me fazer desaguar. Chorei, Chorei, mas não fiquei com dó de mim não, de jeito nenhum. Como diria Willian Blake, “Excesso de choro ri e excesso de riso chora“. Assim, chorei de sorrir. Então chorei mais e mais ao ouvi-la contigo, mesmo tu estando lá do outro lado do espelho. Quis ser Alice ao invés de Alex nesse exato momento, mas acho que cachos louros e laços não combinam tanto assim comigo. Então cantei, cantei! RS e não foi cruel cantar assim, pois atrás do espelho tinha ouvidos sim. Meus olhos marejaram, mas segurei pra não perder o tom nem o juízo. Portanto e por tudo isso, essa é a parte da trilha sonora que vai tocar nos créditos, depois do happy end e do the end. Porque é justamente depois desses ends, que poderemos viver e envelhecer em paz.<br /> <br />[Alex “Féla da Puta Sortudo” Camilo de Melo]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-3940790289413140072009-06-18T14:43:00.004-03:002009-06-18T16:55:06.954-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1dmlgW2uv6A7zCc6ZiG3tWX7APHWPYNbxG-7nu6tBSuKlf_2lgOgDEprcqMFQfT_XOxd0wZ41lmQY-1pS7xbQhHmfQ0uxruViMBtmrQCT2BdfX7K3M6CYySWhyphenhyphentAM0kTmSJir/s1600-h/px_dancing_couple_feet.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 243px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1dmlgW2uv6A7zCc6ZiG3tWX7APHWPYNbxG-7nu6tBSuKlf_2lgOgDEprcqMFQfT_XOxd0wZ41lmQY-1pS7xbQhHmfQ0uxruViMBtmrQCT2BdfX7K3M6CYySWhyphenhyphentAM0kTmSJir/s400/px_dancing_couple_feet.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5348751784507938466" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">AI, AI...</span><br /><br />Respira, expira, suspira, inspira e o peito continua descompassado. Dois pra lá, dois pra cá, te piso o pé e você nem reclama, deixo de olhar teus pés e olho teu sorriso, eu todo envergonhado. Respira, expira, suspira, inspira... Rodamos no próprio eixo até ficarmos tontos, quase caímos, soltamos gostosas gargalhadas. Suspira, inspira, respira, expira... Te trago contra meu corpo, aperto tua cintura, te rio de lado, meu coração já um pouco mais calmo. Me mordes o lóbulo da orelha e meus pelos se eriçam dos pés a cabeça. Paro a dança e a música continua, dou-te um beijo e tudo pára, tudo vira silêncio, e só se ouve respiração, expiração, suspiros e inspiração, corações batendo no mesmo ritmo descompassado e os sons barulhentos do beijo de quem não está nem aí pra nada, nada, nada.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-78105692645751357422009-06-15T20:34:00.002-03:002009-06-15T21:49:53.009-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiUVfVJe-iibD3ev8mzFOJSN3-_fULGIwlJArNagZzq4nplQtTVgv7ol7OJuW7VfYcm9GW04HHv2PK0nSK8_yaQ329jG7Kb51dK6ES3PRQYsJUV9syTZCLiQY5VSHh-LzfpaVD/s1600-h/ex-voto+001.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 312px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgiUVfVJe-iibD3ev8mzFOJSN3-_fULGIwlJArNagZzq4nplQtTVgv7ol7OJuW7VfYcm9GW04HHv2PK0nSK8_yaQ329jG7Kb51dK6ES3PRQYsJUV9syTZCLiQY5VSHh-LzfpaVD/s400/ex-voto+001.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5347721073244666866" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">AÇÃO DE GRAÇAS<span style="font-weight:bold;"></span></span><br /><br />Uma noite dessas, parecida com qualquer noite, mas nunca uma noite qualquer: você veio assim, sem mais nem menos, e cumpriu uma promessa com bem mais do que me havia prometido. Algo maior que subir o monte de joelhos, que ir ao Juazeiro de pau-de-arara e beijar os pés do Meu Padim Pade Cíço, que aparecer em Aparecida e rezar mil rosários, que ir a Machu Pichu sacrificar um coração, que ir ao Mojave tomar um porre de peiote, que ir a Fátima tentar roubar o terceiro segredo da Virgem, que fazer o Caminho de Santiago de Compostela virando bunda canastra, quer ir a Capela Sistina pichar os afrescos de Miguel Angelo, que ir a Jerusalém rir do Muro das Lamentações, que ir a Meca e prostrar-se pro lado oposto da Caaba, que se banhar nua no Ganges, que subir o Himalaia e rodar todas as rodas de oração do Tibet, do Nepal e do Butão; que passar 365 dias mais 1 sem tomar um único gole de Fanta Uva. Você mandou um ex-voto, aquelas partes de corpo depositadas no altar em retribuição a graças atendidas, e me mostrou que pra chegar ao Céu, ao Paraíso e ao Nirvana, tudo ao mesmo tempo agora, basta subir devagar a ladeira íngrime que vai de teu cóccix até a nuca.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-24512836437888329442009-05-11T15:56:00.003-03:002009-05-11T16:00:11.072-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_kWzKWo_9snP055SBDtStL-KLY4z1u9sAX0WhrdDd4YnmqxwnJ0JUjkgw_TMPsmRlC8O7iXIzRf_HAK86IUXIiz_ZMviPxz294Fr8SmDjMiP88Qq-R5GgeNs-DP0qsenmTFBD/s1600-h/Salvador+Dali+-+The+Persistence+of+Memory.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_kWzKWo_9snP055SBDtStL-KLY4z1u9sAX0WhrdDd4YnmqxwnJ0JUjkgw_TMPsmRlC8O7iXIzRf_HAK86IUXIiz_ZMviPxz294Fr8SmDjMiP88Qq-R5GgeNs-DP0qsenmTFBD/s400/Salvador+Dali+-+The+Persistence+of+Memory.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5334642682849890338" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">SONHO LÚCIDO</span><br /><br />Sempre parece um belo sonho, daqueles que sempre acabam antes do beijo, o que nos faz apertar os olhos, tentando recomeçá-lo sempre de onde parou. Algo surreal o suficiente pra nos deixar acordados por dias. Segundo dizem, a Terra de Morpheus não está sujeita às regras do espaço/tempo e essas coisas chatíssimas, que desmancham nossos melhores sorrisos. Li muito sobre projeção astral, sempre tive medo de tentar, de não querer mais voltar e ficar voando por aí sem os limites da tridimensionalidade. Mas medo passa, né? Um medo é só um medo e só, né não? E depois, se eu desandar, ainda tem Freud, Jung e tu pra me fazer acordar.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-70468698887939391402009-04-08T17:39:00.002-03:002009-04-08T17:52:21.617-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCRsbWGZKWeYm5-UfVpP0zHw7nex_kmfvau2CIxo0GuKuDDvERImUWpyeEtkiHeChqF0DSC9zF4q1lV-ihEp_RiS7hWQNPEinz5tMIFH5yL3q1f-bb9UZu9mX1m_83-vq0E5ox/s1600-h/60730936_b5b174558a.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCRsbWGZKWeYm5-UfVpP0zHw7nex_kmfvau2CIxo0GuKuDDvERImUWpyeEtkiHeChqF0DSC9zF4q1lV-ihEp_RiS7hWQNPEinz5tMIFH5yL3q1f-bb9UZu9mX1m_83-vq0E5ox/s400/60730936_b5b174558a.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5322426071594804546" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">DESPERTAR</span><br /><br />Ver-te acordar, bela, desgrenhada, esparramada em uma beira de cama mais tua que minha. Velar teu sono em segredo, sorrir diante do teu ar inocente, esquadrinhar cada naco de carne alva, sentir o gosto de tua respiração, desejar-te mais a cada inspiração. Dar-te o peito de presente, sentir a culpa de atrapalhar teu sono. Querer te acariciar com água e espuma, mesmo sem poder. Sentir-me o mais teu, sentir-te a mais minha nesse recôndito planeta. Interromper tua raiva com um beijo, aceitar as desculpas que nunca precisariam ser pedidas, babar teu pescoço ignorando protestos. Observar-te sonâmbula a pentear os cabelos, que tanto insisto em desarrumar a cada instante. Tentar parar o relógio com o pensamento e conseguir apenas me atrasar. Gostar de me atrasar. Senta-me contigo a mesa e sentir teu hálito de café. Esquecer qualquer coisa, te abrir a porta, te acariciar a perna na zona proibida, sorrir com a delicadeza dos teus lábios em meu ombro. Resistir em te deixar na porta, esperar teu beijo de ponta cabeça. Sair por aí contigo na cabeça, continuar contigo na cabeça, tentar te tirar um pouco da cabeça e fracassar nessa empreitada. Escrever-te algo pretensioso, sem um único pingo de razão pra atrapalhar. Enviar-te esse algo e esperar pra ver o castanho dos meus olhos brilhando em meio ao verde profundo do teu olhar.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-85901295826683722612009-01-13T09:48:00.002-03:002009-01-13T09:52:05.804-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCvnQpLDXYSejSMZ36TZbx1KCDAo0VUTLsvEy49aMPK6rf9JmRmIMZQbk9z_8LmLFvRNZH-MUXkRxttpe91qdvnTeyRs4UlMEy7dLe8CaV29Z1dP71ZEEFKPYo7Mvz_OJR5M69/s1600-h/273541196_fa09206353.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 321px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCvnQpLDXYSejSMZ36TZbx1KCDAo0VUTLsvEy49aMPK6rf9JmRmIMZQbk9z_8LmLFvRNZH-MUXkRxttpe91qdvnTeyRs4UlMEy7dLe8CaV29Z1dP71ZEEFKPYo7Mvz_OJR5M69/s400/273541196_fa09206353.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5290760097496237090" /></a><br /><br />DESALINHAVO<br /><br />Do alto de sua audácia, com sua voz de lavadeira, a fraulein me espanta os males, com risos malemolentes de cabrocha preferida. Tem os dengos de uma banto e uns cafunés que me prostram numa gostosa preguiça. Tem pé de cabocla, serpente na boca e dragão nos quadris. No ombro tem um kamon, no braço um patuá, no pé um ramalhete e na nuca rosário de estrelas. Quando me faz cravar-lhe os dentes, geme igual um penitente ajoelhado na igreja. Então pra mostrar seu gosto, fecha os olhos, prende o grito, perde o tino e sem desgosto, fica louca, ensandecida.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-89457886922571326482008-12-05T11:39:00.002-03:002008-12-05T11:52:05.776-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Qq-V78SIOnXwfD8SqbWnMu3XxcIJuUMSVRMMYQc0SeBZSJYJRsKpbZ45Jhd7-xyZEeuRJ-UfD7ZA3y74VAcn-UeGJCjybptplHsVID-xAul0S1R3StMYnNYjrF57K3xjdZA5/s1600-h/TRIANGULOS-1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 247px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Qq-V78SIOnXwfD8SqbWnMu3XxcIJuUMSVRMMYQc0SeBZSJYJRsKpbZ45Jhd7-xyZEeuRJ-UfD7ZA3y74VAcn-UeGJCjybptplHsVID-xAul0S1R3StMYnNYjrF57K3xjdZA5/s400/TRIANGULOS-1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5276317714074844562" /></a>TEOREMA<br /><br />Houve um tal Milgram que, para provar a pequenez do mundo, lançou a teoria dos 6 graus de separação. Para ele, cada ser humano sobre a terra só estaria separado de um outro ser humano por outros seis seres humanos. Defendo piamente sua tese, não para estar próximo de Sócrates, Einstein, Guevara, Pessoa, Pasoline ou Dali, mas para sentir-me um pouco mais perto do sorriso mais perfeito que a evolução das espécies foi capaz de produzir.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-26717360875324773892008-05-13T22:26:00.004-03:002008-05-13T22:43:34.924-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj03k8qKWqkPXlRO2buT11sXnvJOXWL9uB7NLYO-ThoTTloufSV8iCGsh3kS7bCy-6DB7T7lUO0bV0otYC_S5epEBTTxrxJhhcW5kEDqKCeGTFNBT89BbVY6ZmSSsfYXUlCXE3/s1600-h/barer.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj03k8qKWqkPXlRO2buT11sXnvJOXWL9uB7NLYO-ThoTTloufSV8iCGsh3kS7bCy-6DB7T7lUO0bV0otYC_S5epEBTTxrxJhhcW5kEDqKCeGTFNBT89BbVY6ZmSSsfYXUlCXE3/s400/barer.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5200040340189190978" /></a><br /><br />O QUE É INDISÍVEL É TAMBÉM INOMINÁVEL <br /> <br />O que eu faço com essa língua que emudece e me umedece os lábios, de um rubor roubado dos céus de minha boca? Essa vontade louca de te enxergar com os dentes e de perder a alma no véu da tua nuca. <br /> <br />O que eu faço com minhas narinas, ávidas pelo gosto quente do teu cheiro? E se me acabam as rimas? E se meu queixo desanda no teu desfiladeiro? Fico eu aqui cansando as retinas, na procura insana do teu paradeiro. <br /> <br />O que eu faço com as pontas dos meus dedos, com minhas digitais traçando linhas em teu corpo, com as minhas palmas te esculpindo o torço? E meus ouvidos, como calo eles? Pedem-me teus sussurros e tuas frases roucas.<br /> <br />O que eu faço sem tuas unhas, incessantemente repintadas, que não me arranham o couro, que não me ferem o cerne, me estraçalhando inteiro? E como fico eu gritando em desmantelo, querendo emaranhar no meu o negro do teu cabelo?<br /> <br />Ai, tu que me fere a razão, me violenta a verve, me embaralha os versos, me entrecorta a fala, me faz de carne e osso, me deixa nu em pelo.<br /><br /><br />[Mais um aperitivo do sempre futuro InexperiÊncias Poéticas(em fase interminável de revisão e edição)]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-17530847033341067032007-12-04T13:53:00.000-03:002007-12-04T14:45:12.560-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJN-a_WFYRKoVQULh-i97DfIZ3sYZAfCftOOgU1vvJPChYwP2HFuwgXJV6MnGqQa5N_i0zro1Ft64T-JhLeHqk-6QexqktNWWsvw2bWiuYrbo6i8ZoRaVhZbf3UZb_cQHpgV7F/s1600-h/divjorn0326b.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJN-a_WFYRKoVQULh-i97DfIZ3sYZAfCftOOgU1vvJPChYwP2HFuwgXJV6MnGqQa5N_i0zro1Ft64T-JhLeHqk-6QexqktNWWsvw2bWiuYrbo6i8ZoRaVhZbf3UZb_cQHpgV7F/s400/divjorn0326b.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5140162333526450882" /></a><br /><br />A MORTE - A MOÇA CAETANA<br />(Com tema de Deborah Brennand)<br /><br />Eu via a Morte, a Moça Caetana,<br />com o manto negro, rubro e amarelo.<br />Vi o inocente olhar, puro e perverso,<br />E os dentes de coral da desumana<br /><br />Eu vi o estrago, o bote, o ardor cruel,<br />os peitos fascinantes e esquisitos.<br />Na mão direita, a cobra casacavel<br />e na esquerda, a coral, rubi maldito.<br /><br />Na fronte, uma coroa e o gavião.<br />Nas espáduas, as asas ofegantes,<br />que, ruflando nas pedras do sertão,<br />pairavam sobre urtigas causticantes,<br />caules de prata, espinhos estrelados<br />e os cachos do meu sangue iluminado.<br /><br />[Poema e Iluminogravura de Ariano Dantas Villar Suassuna]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-41330556669732543842007-11-14T21:02:00.000-03:002007-11-14T21:09:52.965-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFNLEHYVOEsTsvsoa4ATLktH2-a6aciB3PmV3FpEiE08fVyFmPk-ZLlwIrmt4ZyxHFCwC6ToXfF_aGMz8Tvu2rTW-kQ49iDojY6_m5FNH6X8-mGJYPpdKnGBTplSmD4aSwnWgU/s1600-h/m%C3%A3os.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFNLEHYVOEsTsvsoa4ATLktH2-a6aciB3PmV3FpEiE08fVyFmPk-ZLlwIrmt4ZyxHFCwC6ToXfF_aGMz8Tvu2rTW-kQ49iDojY6_m5FNH6X8-mGJYPpdKnGBTplSmD4aSwnWgU/s400/m%C3%A3os.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5132852209011049586" /></a><br /><br />CÊS SABEM CUM QUEM CÊS TÃO FALANDO? NÃO NÉ? NEM EU<br /><br />Antes eu não quereria nem papo, sabe? Era dos que achavam que não devia o mínimo que fosse de satisfação. Sabe daqueles que não sabem pedir? Sabia não, de jeito nenhum, muito menos licença, muito menos desculpa, muito menos mão.<br /><br />Pois foi, eu fui: primeiro pedi pra ela, ela disse só se for no papel e no anel, eu disse qué isso mulher, pra que tanta formalidade? Ela disse que queria ser de Melo, aí fudeu! Num tive pronde correr não, peguei um pau-de-arara cum ela e fui lá pra terra da Escrava Isaura, cheguei lá, tava um toró da gota, tumei café com Dona Deuza, conheci o resto do Olimpo, fui andar a pé numa terra que outrora abrigava canibais, gostei, tomei cerva gelada, conheci um magrelim gente boa que só, conheci Sua Alteza, senti calor que só a gota serena, falei carioquêix... Então finalmente arrastei Dona Deuza pruma pizza, e desembuchei tudo, ela disse “fazer o que né? Deus abençoe vocês”, UFA! Mas ainda num era hora de respirar, inda tinha o de mechas prateadas, osso duro de roer, gastei meu latim, meu grego, meu aramaico arcaico e meu javanês, então quando os sapos coaxaram eu mirei na bola do ôi do bicho e disse... Ele num teve pra onde escapar, foi Deus vos abençoe de novo. Então hoje de manhã foi eu ela e a Deuza, compramo duas argolinha, butamo nos dedim e saimo surrindu e se amostrano por aí. Semana que vem eu mais ela vamo pegar o pau-de-arrara de volta pra Jotapêa. E vcs já sabe né? Lá eu vou passar ela no meu nome, quero ver quem vem tumar!<br /><br />[Breve relato documental do roubo de uma menina]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-24642849844332614332007-07-05T17:40:00.000-03:002007-07-05T17:54:37.924-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9vxNTlS4qnlDvbv3q_5qsaduz77QULQG11MqrWOTGTM3fm1nphimasVM5-uNw7ppwD6Wyf-3Hqi_A1cDLvL3hUtAFQ8oeLBDVMx0fQyVwMmnolACiIm90efWTSoE7aC2Od8ZY/s1600-h/tropical-beach-10.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9vxNTlS4qnlDvbv3q_5qsaduz77QULQG11MqrWOTGTM3fm1nphimasVM5-uNw7ppwD6Wyf-3Hqi_A1cDLvL3hUtAFQ8oeLBDVMx0fQyVwMmnolACiIm90efWTSoE7aC2Od8ZY/s400/tropical-beach-10.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5083817595804188370" /></a><br /><br /><span style="font-weight:bold;">GALOPE À BEIRA MARTE</span><br /><br />Tava eu procurando um poeta nonsense<br />Com ouro no dente e olhar surreal<br />Quando fui encontrar o caboclo ideal<br />De cajado de pau e andar teixeirense<br />Ele veio e lascou um repente indecente<br />Enrolou minha língua, me fez engasgar<br />Derrotou meu açúcar, fez ele salgar<br />Empacou minha rima, matou-me de fome<br />Esqueci meu talento, meu verso, meu nome<br />Levando lapada na beira do mar.<br /><br />Vi limeira nadando nas linhas do Tejo <br />Cantando, tocando, enfrentando a corrente<br />Nadava de costas fazendo repente<br />De trás para frente como um caranguejo<br />Passou por Orlando, que teve um lampejo <br />E escreveu esse livro pra gente lembrar<br />A história do vate que soube pescar<br />O sucesso e o sustento na boca do povo.<br />E hoje ele vive na gente de novo<br />Cantando galope na beira do mar.<br /><br />Encontrei esse bardo na praia em saturno<br />Andando acocorado caçando os anéis<br />Que havia perdido no ponto cem réis<br />Cantando o tenebroso romance soturno:<br />A Pavoa soltou seu grunhido noturno<br />E a estátua da praça botou pra chorar<br />As coroas de frade aprenderam a rezar<br />O que era de ouro sumiu no escuro<br />Zé Limeira assustado gritou esconjuro<br />Cantando galope na beira do mar.<br /><br />[Estrofes limerianas compostas e transplantadas, por mim, da comunidade do Orkut: Oficina de Cordel - O fractal sampleado dos Batte's backgrounds do site:http://exoteric.roach.org/bg/index.html]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-86834530389248349202007-04-25T17:24:00.000-03:002007-04-25T18:22:42.133-03:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuSVdyYlsSWGBUef-Of_0n1BkkEBLbQsCufKER_Hzfzb8YE2mCybmY0aRMEo3vPG3I5UCzBhmt_x86PfPC0Lfv8GR_dD6lWgw5XA4ScYYemIunt4OFO2HGenSR3NeWoPY9vT3p/s1600-h/266640089_ed420041ff_o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuSVdyYlsSWGBUef-Of_0n1BkkEBLbQsCufKER_Hzfzb8YE2mCybmY0aRMEo3vPG3I5UCzBhmt_x86PfPC0Lfv8GR_dD6lWgw5XA4ScYYemIunt4OFO2HGenSR3NeWoPY9vT3p/s400/266640089_ed420041ff_o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057464910034435634" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6cd1wp7qNvDb-qePh7XnWdH9lWvAQnJOnN2zV6thK3ZCjMhrSUbvXHU5DLu8M2Ivit-sbXkzJSdkLyS0xrsPAv6DWHTNb1NZ_hN5e4UINZ4yJrhyphenhyphenylv97zU1O97YiTA393B_0/s1600-h/266640094_555c8c3d77_o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6cd1wp7qNvDb-qePh7XnWdH9lWvAQnJOnN2zV6thK3ZCjMhrSUbvXHU5DLu8M2Ivit-sbXkzJSdkLyS0xrsPAv6DWHTNb1NZ_hN5e4UINZ4yJrhyphenhyphenylv97zU1O97YiTA393B_0/s400/266640094_555c8c3d77_o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057465476970118722" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYnY93LsG3FphrlRSC5HY-Ri_L4Ofud45cmUFjP-XO9R_4qOXdePoM-75jbGk9SQXZn_PTkLipO4GR4V4jPh2-FZBbmee5ak63MiLBuXEI0Bm76sh5jQMlHWfZ7rqp1xyoX9-I/s1600-h/266640095_52d917c5af_o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYnY93LsG3FphrlRSC5HY-Ri_L4Ofud45cmUFjP-XO9R_4qOXdePoM-75jbGk9SQXZn_PTkLipO4GR4V4jPh2-FZBbmee5ak63MiLBuXEI0Bm76sh5jQMlHWfZ7rqp1xyoX9-I/s400/266640095_52d917c5af_o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057466048200769106" /></a><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQENyx9-gJkNpxQR724dINdU5Gv9qiosRK5-lLgbD84isTavWBjcSHO_V9FrH41FYap8Nb7ctlmEFSvHR8IDCytpEHZuY3ngymO1fcYzyngYwCblwvBwPEStXcWLrC7b1WsmD7/s1600-h/266640096_c938dfdf8d_o.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQENyx9-gJkNpxQR724dINdU5Gv9qiosRK5-lLgbD84isTavWBjcSHO_V9FrH41FYap8Nb7ctlmEFSvHR8IDCytpEHZuY3ngymO1fcYzyngYwCblwvBwPEStXcWLrC7b1WsmD7/s400/266640096_c938dfdf8d_o.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5057466490582400610" /></a><br />DESENTUPIDORA DERBY BLUE, ESSA SIM VAI FUNDO. <br /><br />Depois de tanto tempo com a Latrina entupida tive que procurar ajuda profissional: deixei o serviço sujo a cargo do meu amigo Shiko, a mente mais subterránea a rabiscar os banheiros da cidade de João Pessoa. Segundo ele, essa histórinha foi devidamente roubada do blog http://carapuceiro.zip.net/ e é de autoria do ministro da comunicação de nassau, o homem-monstro, xico sá.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-1169491461670702832007-01-22T15:28:00.001-03:002008-02-19T19:50:25.373-03:00<a href="http://photos1.blogger.com/x/blogger/8030/1783/1600/904846/catarata4qg.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/x/blogger/8030/1783/400/115099/catarata4qg.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />MÃE MENINA DOS OLHOS.<br /><br />Veio um medo cego de não mais ser visto,por aqueles olhos lacrimejantes de cuidado,<br />incontáveis vezes chorando minhas idas e outras tantas sorrindo minhas vindas envergonhadas.<br /><br />Sempre me quis de pronto, mesmo sabendo que a cada volta, era um simulacro meu que desembarcava, advindo de mais outra vida, pesado de culpas, carregado de novas falhas.<br /><br />Nunca deixou de esquecer do desgosto de meus esquecimentos,de me receber com gosto, sem se importar de lamber minhas feridas, de alvejar o encardido dos meus fracassos. <br /><br />Segui pra mais uma desventura, decaí novamente, desaprendi a voltar. Largou tudo o mais, me deu o colo, o peito, o perdão e o sono.<br /><br />Fiz pouco, muito pouco e o pouco que fiz foi resistir.<br /><br />O orgulho me vazou as vistas, me fez mouco pros seus conselhos,mudo pros seus apelos. Era minha vez de cuidar, <br /><br />Fiz pouco, muito pouco e o pouco que fiz foi desistir.<br /><br />Congestionei suas vistas, ensurdeci-a da minha voz, emudeci sua esperança.Hoje vivo da alucinação de liberdade e sobrevivo distraído, pois, se me pego só comigo, em algum momento que seja, sinto-me personificação da ingratidão.<br /><br />E vem sua voz, num medo cego de não mais me ver,com seus olhos lacrimejantes de cuidado,incontáveis vezes sorrindo minhas vindas e outras tantas chorando minhas idas envergonhadas...Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-1163110204847819582006-11-09T19:04:00.000-03:002006-11-24T10:45:15.850-03:00<strong>SANTO REMÉDIO</strong><br /><br />U nosso amô traduzia<br />Filicidade iafeção<br />Suprema glora cumdia<br />Vivi arcance da mão<br />Mas vêi um dia uciúme<br />I nosso amô sacabô<br />Deixano im tudu u prefume<br />Da sardade qui ficô...<br /><br />Era uma segunda-feira na Pensão Coração de Mãe. Enquanto cantarolava “E o destino desfolhou”, de Carlos Galhardo, Maria Pão doce varria, caprichosa, o salão do cabaré. Parecia a beata Julia de Tiviza, amante de Frei Tito, varrendo “A Conceição”, para a missa do domingo. Zefa Tempêro, de balaio fechado, estava em Riacho das Almas cuidando da mãe doente. Cícero à mesa de sempre, lia, fumava o inseparável charuto e bebericava o indefectível Campari. Levantou-se em riste e com o livro numa mão e o mata-ratos na outra, pôs-se a declamar:<br /><br />Nua, mas para o amor não cabe o pejo<br />Na minha a sua boca eu comprimia.<br />E, em frêmitos carnais, ela dizia:<br />– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!<br /><br />Na inconsciência bruta do meu desejo<br />Fremente, a minha boca obedecia,<br />E os seus seios, tão rígidos mordia,<br />Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.<br /><br />Em suspiros de gozos infinitos<br />Disse-me ela, ainda quase em grito:<br />– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.<br /><br />No seu ventre pousei a minha boca,<br />– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,<br />Moralistas, perdoai! Obedeci...<br /><br />- Mai quis versu bunito meu fii, pareci fala de dotô! Nunca tinha iscuitado umas lordesa dessas...<br /><br />- É “Delírio” minha mãe, de Olavo Bilac, O Príncipe dos Poetas! <br /><br />- Pareci fala di prinspo mermo meu fii, pareci até uma reza...<br /><br />Cicero disparou numa sonora gargalhada.<br /><br />- Mas mãinha, isto de reza não tem é nada, este soneto é de pura putaria!<br /><br />Maria Pão Doce caiu também na gargalhada.<br /><br />- Tai veno tu? Até o Prinspi dus Pueta é chegado in putaria e raparigage...<br /><br />Enquanto riam descontraídos, ouviram a porta abrir-se em pancada. Maria Pão Doce calou-se e Cícero continuou a rir impertinente. Passou da porta um negro, corpo de estivador, vestia caqui, trazia à cabeça um quepe surrado, no cinto um Smith & Wesson 38, cano longo, e um “rabo de galo” com cabo de chifre preto. Ele era Touro Preto, soldado de polícia, famoso na região por seu sadismo. Corriam pela feira, à boca miúda, terríveis histórias sobre seus feitos. Contam, entre muitas outras coisas, que depois de prender um de seus desafetos, ele comeu uma enorme tigela de coalhada, depois defecou dentro dela e disse pro pobre diabo: “Ô tu comi a minha merda ô eu dote umas mãozada”. Dizem que o coitado comeu tudo sem fazer nem careta. Ao vê-lo entrar, Cícero, ainda sorrindo, sentou-se e voltou à leitura do livro. Touro Preto dirigiu-se à Maria Pão Doce.<br /><br />- Quêde Zefa, Maria? Mi chame já aquela rapariga, qui hoji ôto cum a gôta serena!<br /> <br />- Me adiscurpe Seu Tôro Preto, mai Zefa num ta não, ela foi lá pro “Reacho” acudi a mãe dela qui levô uma queda e tá cá inspinhela caída. Mai si tu tivé nu quêjo, tem pra mai de quinze mulé aqui prumode tu iscoiê.<br /><br />- Mai, mai, mai, mai... Respeiti a puliça! Dêxe logo de fuleraje quenga veia! Mi mande trazê logo Zefa, qui só ela agüenta minha rola! Mande logo busca ela, qui hoje ôtô camulesta!!! <br /><br />Cícero tirou os olhos do livro para observar a conversa, eles estavam de um verde profundo.<br /><br />- Mai Seu Tôro Preto, dêxe di brabeza, aqui o sinhô sempe foi bem arrecebido. Nunca pagô nem um tustão, nem pá bebê, nem pá cumê, nem pá fudê. Arrespeite a casa, qui amenhã é dia di móvimentu i ninguém qué dirmantêlo.<br /><br />- Mai, mai, mai, mai.... Tú ta a môca é derrota? Num miscuitô não? Mi chami já Zéfa ô a poica vai trocê u rabo pruaqui! E tu aí galego, qué qui tá mi oiano?<br /><br />Cícero esboçou um sorriso de canto de boca, deu uma profunda tragada e voltou a ler.<br /><br />- Ei galego! Pruque tu tá sirrino? Me disseru qui tu é mei mitidabrabo, báxa a crista qui preu rancá usóvu dum é cuma quem vai i vorta. <br /><br />Cícero olhou bem nos olhos injetados de sangue do soldado de polícia e abriu um sorriso. Maria Pão Doce intercedeu.<br /><br />- Dêxi dissu Seu Tôro Preto, num bula cum minino não, vá simbora, vá. amênhã Zefa ta de vorta.<br />- Cali-se a boca puta veia, qui a cunvéssa inda num chego nu chiquêro! <br /><br />O brutamontes levantou a mão como que para estapeá-la. Porém, antes de descer o braço se viu caindo sentado no chão, vítima de veloz rabo-de-arraia. Diante dele estava Cícero, semblante sério, olhar compenetrado, limpando com um lenço vermelho o sangue de um navalha. Fez menção de sacar a arma, foi em vão, seus braços estavam paralisados. Olhou pro próprio peito, aviam duas manchas de sangue, seus trapézios havia sido cortados. Desesperado levantou-se, mas caiu novamente. Cícero não estava mais na sua frente, olhou para os próprios pés, seus tendões de aquiles tambem foram<br />navalhados. Touro Preto grita de terror e dor. Cícero calmamente interpela a mulher.<br /><br />- Mãinha, me pegue uma bacia uma colher e um vidro de óleo de rícino, por favor.<br /><br />Maria Pão Doce saiu do salão e andou em direção da cozinha. Touro Preto, embolando no chão chorava feito criança, pedindo clemência. Cícero pegou sua faca de ponta, abril a gandola do infeliz e riscou com letras bem desenhadas o nome Cícero em seu peito. <br /><br />- Mateu não, galego, pulamôdideu, dexeu ir, dexeu ir... Me adiscurpa, me adiscurpa pu nossa sinhora, ô vomimbora de Caruaru, eu juro, pulo meu Padim Pade Ciço...<br /><br />Maria Pão Doce retornou ao salão trazendo o purgante, uma bacia de flandres e uma colher de pau. <br /><br />- Mãinha, dê o purgante pra esse valentão beber.<br /><br />Maria Pão Doce escarneceu:<br /><br />- Eita gôta, u negão vai siacabá pelos fundo!<br /><br />Touro Perto rogou: <br />- Não, num fai isso cumigo não, pru nosso sinhô, fai isso não, dêxeu ir...<br /><br />Maria Pão Doce, com uma das mãos prendeu o nariz de touro preto, ele sem conseguir respirar abriu a boca, com a outra ela derramou todo conteúdo do vidro por sua garganta. Depois, com a ajuda de Cícero, sentaram o policial aos prantos sobre a bacia. Depois de algum tempo ele foi acometido por uma fulminante desenteria. Evacuou até o recipiente quase transbordar. Cícero e Maria Pão Doce o sentaram no chão. Cícero, com voz calma, ordenou:<br /><br />- Agora minha santa mãinha vai lhe alimentar. É pra comer tudinho viu?<br /><br />Os olhos de Cícero voltaram ao seu azul quase mar e ele sem dizer palavra retornou à sua mesa, bebeu do seu Campari, acendeu um novo charuto e voltou a ler “O Príncipe dos Poetas”.Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-18275314.post-1156657875440668092006-08-27T02:46:00.000-03:002006-08-28T11:09:28.043-03:00<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://photos1.blogger.com/blogger/8030/1783/1600/foto.1.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;" src="http://photos1.blogger.com/blogger/8030/1783/400/foto.0.jpg" border="0" alt="" /></a><br /><span style="font-weight:bold;">BIX BEIDERBECKE</span><br /><br />Sou panamenha e há tempos vivo com Bix. Escrevo e passo para a linha seguinte: ninguém irá acreditar; se acreditassem, seriam como eu e não conheço ninguém assim. Não exatamente eu, mas ao menos como eu. O que é uma vantagem porque dessa maneira posso escrever sem que me importe que leiam ou não, que ao final queime isto com o último fósforo do último cigarro, ou que o deixe abandonado na rua, ou que o dê para qualquer um, para que faça o que der na telha; tudo estará distante, tão distante de mim e de Bix.<br /><br />Escrevo porque não há mais o que fazer e porque é certo ou parecerá certo para alguém que seja como eu. Existem, esbarro neles perto ou longe na vida. Nem todos vivem atados ao que lhes ensinaram. Veja, Rimbaud disse que se apaixonara por um porco e os professores dizem que era um grande poeta, o fazem provavelmente sem convicção, porque devem pensar assim para não parecerem idiotas. Porém, eu sei que era um grande poeta e Bix também o sabia, ainda que jamais tenha lido uma linha em francês e eu tinha que lhe traduzir Rimbaud, ao que ele colocava a mão na cabeça e ficava pensando, ou ia até o piano e começava a tocar essa coisa que agora se chama In a Mist e que era sua maneira de dizer que entendia a poesia francesa, porque entendia <br /><br /><br />bussy e como quase tudo lhe chegava pela música, essa era a única maneira de entender certas coisas, a vida, por exemplo, a ordem disso que chamo realidade e que ele entendia somente por dó maior ou fá sustenido, soprando docemente seu trompete ou indo ao piano para deixar nascer Lost in a fog, queimando os lábios com o cigarro esquecido pelas mãos, aranhas que teciam e teciam no teclado até que tudo acabava em um palavrão e num salto, eu sempre tinha por perto um tubo de creme para lhe curar os lábios; depois nos beijávamos sorrindo e ele voltava a xingar porque lhe doía e porque o trompete ia lhe doer ainda mais à noite, quando tivesse que tocar no Blue Room por oitenta dólares a apresentação.<br /><br />“Vaocaralho”, como dizia tio Ramon, que juntava palavras e as fazia soar como uma chicotada na bunda; não que me custe escrever, porque como não me dou nenhum trabalho e esta máquina desliza, como o rum que já leva horas deslizando, tudo acontece em uma fita que vejo sozinha, não porque escreva às cegas, mas nem sequer olho para o papel, prefiro seguir meus dois dedos que saltam de cima pra baixo, a mão esquerda que corta a fita e passa para o outro tópico; tenho um abajur Tiffany que me enche o papel, o rosto e as mãos de manchas alaranjadas, verdes, azuis; escrever é como dançar música lenta com Bix no Phonix, ser parte de, ser parte de quê, ser parte disso que nos une a todos, sem que ninguém saiba que está junto e que somente esta noite estará com as outras partes, porque ainda que voltemos ao Phonix, já não será igual, como as ondas em Waikiki, uma atrás da outra após milhões de anos e nenhuma igual à outra; quem poderia dizer que uma onda contém o mesmo número de gotas de água que as outras ondas, ou o formato, ou a alegria, ou o desenho da crista, ou o jeito de quebrar nessa praia aonde Bix gostava de ficar dormindo e eu fumava para observá-lo, pequeno e feio, com aquele quê de alemão que havia grudado ao maldito sobrenome e em alguns gestos, herdados do pai ou dos tios; os Beiderbecke e suas árvores de Natal e os bolos perfumados da mãe de Bix, esses eruditos metidos até a alma em pleno Middle West, alemães com camisas de “cowboys”, falando americano e mais patriotas que o próprio Thomas Jefferson.<br /><br />“Vaocaralho”, dizia tio Ramon, vaocaralho a Alemanha que nunca ouviu falar de Bix porque ele já era daqui; nunca entendi porque não trocava o sobrenome como fizeram outros músicos, Eddie Lang, por exemplo. Que eu me chamasse Macieira dava uma alegria enorme a Bix, lhe havia tirado do sério a coisa quando expliquei o que queria dizer, se contorcia em risos e depois me apertava contra ele e dizia Linda, Linda Macieira, Linda Macedo, Pé de Maçã, Deliciosa Torta de Maçã, no final, ficava com Torta de Maçã, e quase sempre depois disso começava a me comer porque nada lhe dava mais prazer que o doce de maçãs com cerveja, me chupava o nariz repetindo “Torta de Maça”, “Torta de Maça”, e eu lhe soprava em plena boca, e ele se jogava para trás maldizendo e me chamando de cretina, esculpindo a “Torta de Maça” que eu lhe havia deixado na boca, pobrezinho.<br /><br />Conheci Bix na mesma época em que conheci Omar, na casa de meus paizinhos (escrevo paizinhos porque me faz sorrir, é cômico falar de paizinhos quando se pensa nesses escaravelhos peludos que me criaram entre freiras e me rachavam a chicotadas quando vinha aos domingos e esquecia um absorvente ao lado do vaso sanitário, asquerosa repugnante – mamãe –, é preciso ensinar o respeito a esta indecente – paizinho querido-), mas ao menos em casa havia a televisão e alguém que aos domingos poderia esperar sentada na sala, sabendo que Omar viria me ver; a família querida jogava dominó na sala de jantar e eu esperava sozinha a hora em que anunciavam Omar e eu ia escorregando na cadeira e esperava que, mais uma vez, Omar entrasse em primeiro plano e começasse a falar, a olhar-me, dissimulando um discurso qualquer, povo de Panamá, queridos amigos, qualquer coisa para aqueles que enchiam estádios e auditórios, porque o que ele queria era somente me olhar e tinha que dizer as piores baboseiras para que ninguém desse conta de que havia vindo à TV para observar-me, eu o esperava estirada no sofá, ele começava a falar, seus olhos de tigre verde me cravavam e eu lhe sorria, Omar, Omar, deixava ele me observar enquanto levantava a saia aos poucos, deixando-o ver-me, ia lhe mostrando tudo, pouco a pouco, sem pressa, porque Omar ia ficar meia hora dizendo baboseiras para os outros; mas eu havia inventado o código, a cada tantas palavras, escolhia as que Omar estava dizendo somente para mim enquanto me cravava seus olhos de tigre e lhe tremiam os músculos das têmporas, suas mãos que se erguiam como que para me alcançar, para fazer o que eu estava fazendo diante dele enquanto ele olhava e falava.<br /><br />Pelo espelho era possível ver a porta da sala de jantar e saber em que momento teria que me endireitar, baixar a saia; Omar compreendia porque também podia ver pelo espelho da TV, às vezes meu pai, mais freqüentemente minha mãe, que vinha como que desconfiada; ou ambos, olhando e dizendo: esta menina, quem diria que ia se interessar tanto pela política, se me dissessem a irmã Filotea, mas não é bom nessa idade; “vaocaralho” dizia tio Ramon da sala de jantar, já largaram a partida novamente; com vocês não se pode jogar.<br /><br />[Continua]<br /><br /><br /><br />[O fragmento de conto acima, inacabado por Julio Cortázar, inédito em português, ganhou tradução de Cassiano Viana, que prepara uma biografia deste grande escritor argentino( e tudo isso afanei de http://www.paralelos.org)]Alex Camilohttp://www.blogger.com/profile/11441562282514449245noreply@blogger.com3