Imagine a net como uma galeria de esgotos e cada blog como uma privada, pronta pra receber tudo que ninguem quer mais dentro de si. Pois bem, esta é a minha LATRINA e vou largar aqui o que não der pra jogar no ventilador do mundo.
29 junho, 2009
TRANSMIMENTO DE PENSAÇÃO
Um “ai” aqui outro aí
Suspiros daqui reverberam
Lábios daí que me esperam
Um “ai” aí outro aqui
Digo as palavras silenciosas
Com transmissões ansiosas
Um “ai” aqui outro aí
Ondas de mais sentimento
Penetram nosso momento
Um “ai” aí outro aqui
Uma sucessão de arrepios
Eriçam poros, pêlos e fios
Um “ai” aqui outro aí
Nossos risos em sincronia
Parece uma grande ironia
Um “ai” aí outro aqui
Para 2 amantes lunáticos
Com poderes telepáticos
Um “ai” aqui outro aí
26 junho, 2009
Eu deveria ter um nome de sentimento universal, um substantivo assim tão abstrato quanto o tudo de concreto que eu sinto por ti. Talvez me chamasse Sonho, se sonhar fosse suficiente para te fazer surgir agora do meu lado. Quem sabe chamassem-me Delírio, se eu fosse capaz de delirar ao ponto de não te ver em tudo que vejo. Destruição seria uma boa alcunha, se porventura eu pudesse destruir a memória de um único sorriso que tu sorristes ou me fizestes sorrir na vida. Poderiam chamar-me Desespero, se desesperar pudesse ser mais forte do que o querer te esperar. Desejo deveria ser uma opção plausível, no entanto desejar é muito pouco para definir esta força movendo-me para teu peito. Morte eu me chamaria, se me fosse permitido morrer antes de te ter completamente na minha vida. Gritariam Destino à minha porta, Destino, Destino, se eu mesmo não tivesse me pré-destinado a ser teu. Então me basta meu nome, com tua língua pronunciando-me nos dentes. Comovendo-me de um jeito tão seu, que eu não quereria ser mais ninguém que não fosse eu mesmo.
CIRANDA DO PÉ QUEBRADO.
Te faria uma ciranda,
Se o mar tivesse perto.
Com rimas cadenciadas
E cheiro de maresia.
Te olharia na varanda,
Se você tivesse perto.
Palavras embaralhadas
Meu peito em agonia.
Te faria uma ciranda,
Se o mar tivesse perto.
No ritmo das passadas,
Tua mão eu pegaria.
Te olharia na varanda,
Se você tivesse perto.
Faria mil palhaçadas
E teu sorriso abriria.
Te faria uma ciranda,
Se o mar tivesse perto.
E em meio às rodadas,
O teu beijo roubaria.
Te olharia na varanda,
Se você tivesse perto.
Enfeitaria as calçadas,
Só pra ver tua alegria.
Te faria uma ciranda,
Te olharia na varanda.
Se o mar tivesse perto,
Se você tivesse perto.
19 junho, 2009
“TE DEI MEUS OLHOS PRA TOMARES CONTA”
Eu te amo
Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.
[Chico Buarque “ Féla da Puta Genial” de Holanda]
Roubei esta canção para ti, só para descontar as 3 estrofes que esse safado nos roubou da vida. Então, por vingança, o salafrário se mancomunou contigo com o claro intuito de me fazer desaguar. Chorei, Chorei, mas não fiquei com dó de mim não, de jeito nenhum. Como diria Willian Blake, “Excesso de choro ri e excesso de riso chora“. Assim, chorei de sorrir. Então chorei mais e mais ao ouvi-la contigo, mesmo tu estando lá do outro lado do espelho. Quis ser Alice ao invés de Alex nesse exato momento, mas acho que cachos louros e laços não combinam tanto assim comigo. Então cantei, cantei! RS e não foi cruel cantar assim, pois atrás do espelho tinha ouvidos sim. Meus olhos marejaram, mas segurei pra não perder o tom nem o juízo. Portanto e por tudo isso, essa é a parte da trilha sonora que vai tocar nos créditos, depois do happy end e do the end. Porque é justamente depois desses ends, que poderemos viver e envelhecer em paz.
[Alex “Féla da Puta Sortudo” Camilo de Melo]
18 junho, 2009
AI, AI...
Respira, expira, suspira, inspira e o peito continua descompassado. Dois pra lá, dois pra cá, te piso o pé e você nem reclama, deixo de olhar teus pés e olho teu sorriso, eu todo envergonhado. Respira, expira, suspira, inspira... Rodamos no próprio eixo até ficarmos tontos, quase caímos, soltamos gostosas gargalhadas. Suspira, inspira, respira, expira... Te trago contra meu corpo, aperto tua cintura, te rio de lado, meu coração já um pouco mais calmo. Me mordes o lóbulo da orelha e meus pelos se eriçam dos pés a cabeça. Paro a dança e a música continua, dou-te um beijo e tudo pára, tudo vira silêncio, e só se ouve respiração, expiração, suspiros e inspiração, corações batendo no mesmo ritmo descompassado e os sons barulhentos do beijo de quem não está nem aí pra nada, nada, nada.
15 junho, 2009
AÇÃO DE GRAÇAS
Uma noite dessas, parecida com qualquer noite, mas nunca uma noite qualquer: você veio assim, sem mais nem menos, e cumpriu uma promessa com bem mais do que me havia prometido. Algo maior que subir o monte de joelhos, que ir ao Juazeiro de pau-de-arara e beijar os pés do Meu Padim Pade Cíço, que aparecer em Aparecida e rezar mil rosários, que ir a Machu Pichu sacrificar um coração, que ir ao Mojave tomar um porre de peiote, que ir a Fátima tentar roubar o terceiro segredo da Virgem, que fazer o Caminho de Santiago de Compostela virando bunda canastra, quer ir a Capela Sistina pichar os afrescos de Miguel Angelo, que ir a Jerusalém rir do Muro das Lamentações, que ir a Meca e prostrar-se pro lado oposto da Caaba, que se banhar nua no Ganges, que subir o Himalaia e rodar todas as rodas de oração do Tibet, do Nepal e do Butão; que passar 365 dias mais 1 sem tomar um único gole de Fanta Uva. Você mandou um ex-voto, aquelas partes de corpo depositadas no altar em retribuição a graças atendidas, e me mostrou que pra chegar ao Céu, ao Paraíso e ao Nirvana, tudo ao mesmo tempo agora, basta subir devagar a ladeira íngrime que vai de teu cóccix até a nuca.
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