18 outubro, 2010


Os galhos balançam
Ao sabor das tempestades
As raizes sustentam

(haikai arboreo para um amor persistente)

12 outubro, 2010



AMOR SÓ DE MÃE


Toda mãe que temos é a mesma, em suas angustias, cuidados e culpas.
Todas as mães que temos são únicas, em sua fortaleza, loucura e desapego.
Toda mãe só tem um filho, pro resto da vida, mesmo que o “um” sejam muitos.
Todas as mães amam seus filhos, como se nada mais nesse mundo valesse a pena.
Toda mãe aceita suas duras penas, como se isso fosse a melhor definição do paraíso.
Todas as mães trazem um sorriso que, bem lá no fundo, é um chorar que nunca cessa.
Todo filho é meio cego. Todos os filhos são meio surdos. Toda mãe do mundo é Deus.

E todos nós somos na prática: uns grandessíssimos filhos da puta. 

09 setembro, 2010


PELE

Beija como quem vive com sede
Morde como quem morre de fome
Abraça como quem quer renascer

Olha-me nos olhos enquanto sente
Mas corre do meu olhar insistente
Quando quero apenas fazer derreter

Percorro sua carne branca al dente
E tal qual um ser louco e indecente
Mastigo-lhe a pele até vê-la desfalecer

Um novo amor é como um transplante
Que ressuscita a alegria de ser amante
De quem alucina de tanto querer


(A imagem é da epiderme de uma Sempervivum Violaceum vista bem de pertinho e o poeminha ingenuo é para uma florzinha de pele branca e dentes poderososíssimos)