18 novembro, 2005


HOLOCAUSTO

Tem um papel de mentira na minha frente, uma pena falsa na ponta de meus dedos, tentando esconder os meus segredos, querendo escravizar a minha mente.

Por onde andam os "ós" de copo de café, a baba que borra o nanquim, o cheiro de cigarro, os traços tortos que zombavam da fé?

Cadê os guardanapos bêbados, psicografados, molhados de cerveja?

Onde pararam os bolsos, amarrotados, repletos de palavras. Aonde mesmo que fica aquela lata de lixo onde enterrei tanto do meu sentimento?

E as cinzas, as tantas cinzas espalhadas no vento?

Queria encontrar cada partícula de vergonha que eu sacrifiquei a mim mesmo.

Fico aqui então, tentado lembrar do que não lembro, tentando chorar.

Engula o choro menino!

Os olhos sorvem de volta palavras e lágrimas misturadas e enquanto estou encolhido num canto, de cabeça entre as pernas, brota-me um pensamento: tá tudo aqui dentro, tudo aqui dentro, tudo aqui, dentro.

Ps1. Esse texto faz parte do meu livro, ainda inédito, "Inexperiências Poéticas".

Ps2. A imagem dessa vez eu roubei de mim mesmo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu Alex, quanto tempo!!!
Ó, adorei o texto. Esperando ansiosamente por mais trechos do futuro livro. Saudades vossas e de Eliza! :*