22 janeiro, 2007


















MÃE MENINA DOS OLHOS.

Veio um medo cego de não mais ser visto,por aqueles olhos lacrimejantes de cuidado,
incontáveis vezes chorando minhas idas e outras tantas sorrindo minhas vindas envergonhadas.

Sempre me quis de pronto, mesmo sabendo que a cada volta, era um simulacro meu que desembarcava, advindo de mais outra vida, pesado de culpas, carregado de novas falhas.

Nunca deixou de esquecer do desgosto de meus esquecimentos,de me receber com gosto, sem se importar de lamber minhas feridas, de alvejar o encardido dos meus fracassos.

Segui pra mais uma desventura, decaí novamente, desaprendi a voltar. Largou tudo o mais, me deu o colo, o peito, o perdão e o sono.

Fiz pouco, muito pouco e o pouco que fiz foi resistir.

O orgulho me vazou as vistas, me fez mouco pros seus conselhos,mudo pros seus apelos. Era minha vez de cuidar,

Fiz pouco, muito pouco e o pouco que fiz foi desistir.

Congestionei suas vistas, ensurdeci-a da minha voz, emudeci sua esperança.Hoje vivo da alucinação de liberdade e sobrevivo distraído, pois, se me pego só comigo, em algum momento que seja, sinto-me personificação da ingratidão.

E vem sua voz, num medo cego de não mais me ver,com seus olhos lacrimejantes de cuidado,incontáveis vezes sorrindo minhas vindas e outras tantas chorando minhas idas envergonhadas...

3 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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João Valadares disse...

Quando me pego sozinho falando para todos os eus que no fim das contas sou todo e apenas ingratidão, ponho me a esquecer e fingir que assim não sou, que a amo e vou voltar sempre, mesmo que seja para partir amanhã...