25 outubro, 2005


ABORTO

O poema dói nas entranhas
Agarra-se pra não sair
Teme latrinas
Sacos de lixo
Luz
Olhos
Ouvidos
Línguas
Urubus
Vermes
E
Elogios fáceis
Desejava ficar nas sombras
Junto aos irmãos esquecidos
Mas cede as contrações
As tolas aspirações
E finalmente decai
Escorrega da mão
No meio de um papel branco
Lambuzado com sangue
Lagrima
Suor
Cachaça
E
Fumaça
Nasceu pra morte
Pro desassossego
Queria apenas esconder-se
Ser um epitáfio na lápide pobre do esquecimento.

2 comentários:

Anônimo disse...

que legal...

Eliza Araújo disse...

tudo que é belo, bem, flutua e dói.
tô feliz pelas voltas q demos, q o mundo deu, q o mundo dá. e q curioso, eu nem te dobrei nem nada, vc resolveu de repente vir pra cá e destilar a beleza das tuas palavrinhas.. taí um previlégio q a vida me deu. dois: te ler, te ter.
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